Para inovar, é preciso ter propósito e mudar o comportamento, defende especialista

Precisamos construir a mentalidade do inovador, com habilidades, inteligências e talentos que levem à criação de novas ideias e à resolução de problemas.”

George Couros

O canadense George Couros trabalha com gestores escolares e professores, principalmente nos Estados Unidos, para criar um ambiente mais criativo e inovador para seus funcionários e alunos. Durante sua palestra no 3º Congresso Socioemocional LIV, o especialista fez dois importantes comentários em relação à tecnologia: disse que ela não é essencial à inovação, pois o importante é a pessoa ter um propósito e mudar de comportamento. Além disso, afirmou que a tecnologia é transformadora e muito mais do que uma ferramenta, já que permite a realização de coisas e o acesso a possibilidades não imaginadas anteriormente. 

Conheça abaixo as principais ideias apresentadas pelo palestrante.
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A tecnologia nas nossas vidas

Couros afirmou que atualmente a velocidade das transformações é alta e que a tecnologia ocupa muito espaço em nossas vidas. Contou que desde quando sua esposa estava na sala de parto começou a escrever e-mails para a filha, colocando ideias, fotos e novidades sobre seu desenvolvimento, para que ela visualizasse as mensagens aos 18 anos. Diz que sua filha vai saber que o Google faz parte da vida, que há carros andando sem motoristas e que aparelhos fazem surdos ouvir. E mais: que é possível assistir a tutoriais de maquiagem em vídeo, fazer tradução em outras línguas ou mixagem de músicas. “O quanto dessas coisas não existiam há 10 ou 15 anos? Fico impressionado com os avanços e com as possibilidades de acesso. É importante termos isso em mente, como educadores ou pais”, disse.

Inovação na escola

E como a inovação aparece em sala de aula? Segundo o canadense, os professores precisam ter empatia e abrir a mente para prestar atenção nos alunos. Para envolvê-los, é necessário deixar que as ações sejam menos baseadas no professor e mais produzidas pelo estudante, defendeu.

Ele citou o exemplo de uma educadora que convidou seus alunos a criar vídeos em 60 segundos – e ela não sabia como fazer esses vídeos! –, o que desafiou a turma a resolver problemas no formato e no conteúdo. Em outra escola, o professor inventou a “semana da inovação” para que os estudantes produzissem uma solução criativa para algum problema da escola. Couros sugeriu que outra possibilidade seria os professores elogiarem quem faz um bom uso das redes sociais, mostrando o impacto positivo das tecnologias. Ainda sobre as redes, citou o caso de uma educadora que não trataria desse assunto em sala, então ouviu de seu aluno: “As redes sociais são como água; estão em todos os lugares. Você pode nos ensinar a nadar ou a afogar”.

Aprendizagem híbrida

Couros disse também que se estamos desenvolvendo os líderes de amanhã, precisamos mostrar que podem fazer algo diferente do que existe. “Vamos querer que os estudantes vivam ricas experiências motivadas pela escola ou apesar dela, sendo um obstáculo? Uma criança tem que sair da sala de aula curiosa, entusiasmada com a aprendizagem e podendo aprender de diferentes maneiras, com Youtube ou Whatsapp, por exemplo. Temos uma grande oportunidade diante de nós, mas o que fazemos é tirar a tecnologia delas. Usamos uma ‘cultura do não’, embora falemos que podem mudar o mundo!”, provocou.

Lembrou também que a tecnologia jamais vai substituir bons professores, mas que esses profissionais podem se beneficiar delas para gerar transformação. “Podemos pensar que estamos conectados a pessoas de todo o mundo e que isso é uma ótima maneira de compartilhar. Precisamos construir a mentalidade do inovador, com habilidades, inteligências e talentos que levem à criação de ideias e à resolução de problemas. Não basta a criança ser boa em matemática, mas é necessário usar esses conhecimentos para fazer coisas novas. Da mesma forma, não deve ser apenas saber tocar o piano, e sim compor músicas”, disse. 

Lições com a família

Tudo o que eu falo sobre a importância da inovação só acontece se você constrói relacionamentos, afirmou. “Meus pais eram imigrantes gregos que tiveram pouco estudo. No Canadá, abriram um restaurante e foram grandes aprendizes sobre as coisas da vida! Eles me ensinaram que se não há clientes, não existe restaurante. E eu faço a comparação aqui: se não há crianças, não temos escola. Eles me mostraram que é preciso estar aberto a conhecer e abraçar dificuldades para aprender com elas. É por isso que, quando eu era diretor de escola, recebia todos os dias os alunos na porta e falava com os funcionários, mesmo que por três segundos”, contou. 

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