Tempo livre é raridade atualmente e quem tem crianças e adolescentes na família sabe o quanto é difícil manter uma relação de qualidade em meio a correria do dia a dia. Ter tempo para falar de sentimentos, então, é mais raro ainda. Para dar uma forcinha aos pais, mães, irmãos, primos, avós e tios que estão buscando variar essa rotina e ampliar os laços familiares, resolvemos selecionar indicações de livros e filmes para crianças e adolescentes que podem ajudar nesse processo.
Atenção: o objetivo aqui não é simplesmente dar indicações culturais, mas sim mostrar como o ato de ver um filme ou ler um livro podem servir de porta de entrada para novas conversas com as crianças e os adolescentes próximos a você, ajudando-os a falar mais sobre si, sobre seus sentimentos e sua visão de mundo. Por isso, destacamos duas estratégias para ampliar essas atividades e sair do básico. Confira:
Assista filmes e converse sobre eles
Se você tem televisão ou serviço de streaming em casa, provavelmente ver filmes, séries ou animações já faz parte da sua rotina. Mas quantas vezes você conversa com sua criança ou adolescente próximo sobre o que acabaram de assistir? Por isso, a proposta aqui é selecionar um filme e, ao terminar a sessão, dedicar alguns minutos (ou horas, quem sabe…) para falar sobre o tema principal e sobre quais sentimentos a experiência de ver aquele filme proporcionou em vocês. No começo pode ser difícil engrenar a conversa, mas com um pouco de esforço e abertura de ambos os lados você verá que esse momento simples irá despertar novas ideias e conexões.
Não sabe o que assistir? Um caminho é perguntar para a criança ou o adolescente o que ele gosta de assistir e perguntar se pode ver junto. Além de mostrar empatia, você também poderá conhecer mais dos gostos pessoais deles. Outra ideia é vocês selecionarem juntos um filme ou animação que agrade os dois lados. A gente tem algumas dicas! São filmes, animações e curtas-metragens cativantes, com boas mensagens e que, não menos importante, levantam discussões fundamentais acerca de sentimentos e relacionamentos.
- Bá: Nesse
curta-metragem de 14 minutos, o menino Bruno é obrigado a lidar com as mudanças
que ocorrem em sua vida quando sua “Bá” (de “Batchan”, avó em
japonês) é trazida para morar em sua casa. Como a história é narrada a partir
do olhar de Bruno, ele abre caminho para falar de sentimentos com crianças
pequenas.
- A
menina-espantalho: Esse curta metragem de 12 minutos é
indicado tanto para crianças quanto adolescentes e conta a história de Luzia,
uma menina que mora no campo com seus pais e o irmão, Pedro. Quando Pedro
começa a ir à escola, Luzia quer acompanhá-lo, mas é impedida pelo pai.
Enquanto vigia um arrozal, ela busca outros caminhos para aprender a ler.
- Toy Story 4: A sequência
de filmes Toy Story é famosa por fazer adultos e crianças se emocionarem com as
aventuras dos personagens brinquedos. O quarto filme da série não fica atrás e
abre caminho para falar sobre amizade, cuidado e empatia.
- Nunca me sonharam: Esse documentário é mais indicado para ver com adolescentes. Nele, os desafios do presente, as expectativas para o futuro e os sonhos de quem vive a realidade do ensino médio nas escolas públicas do Brasil. Na voz de estudantes, gestores, professores e especialistas, o longa-metragem reflete sobre o valor da educação.
- Dica extra: siga o LIV no Instagram e acompanhe nossos stories para conferir outras recomendações.
Faça uma leitura compartilhada
Ler é uma atividade que pode ser incentivada para estreitar os laços com bebês, crianças e adolescentes e seus benefícios são comprovados pela ciência há muitos anos. Normalmente, esse hábito se desenvolve quando as crianças estão na fase de alfabetização, mas depois as leituras compartilhadas vão ficando de lado. Por isso, a ideia aqui é retomar esse hábito, seja com crianças maiores ou com adolescentes. Para tal, sugerimos dois caminhos:
O primeiro é ler em conjunto e em voz alta. Cada um pode ler uma página ou capítulo e, após a leitura, vocês podem conversar sobre os temas lidos e sobre os sentimentos despertados. Outro caminho, que serve especialmente para livros mais longos, é fazer a leitura simultânea durante um determinado período e, ao final, vocês marcam um momento para debater o que leram. Confira alguns livros para diferentes faixas etárias:
- O menino
que chovia: é um livro infantil do autor Cláudio
Thebas e ilustrado por Ivan Zigg. É indicado para crianças entre 5 e 8 anos, e
fala sobre lágrimas sem usar em nenhum momento o verbo “chorar” ou o
substantivo “choro”. Ágil, divertida, sua narrativa em versos revela
com sutileza o jogo de contradições emocionais que agita o cotidiano das
personagens.
- O lobo
dentro das paredes: escrito pelo autor Neil Gaiman e ilustrado
por Dave McKean (criadores do enredo do livro e filme Coraline), esse
livro se tornou um sucesso internacional infanto-juvenil e conta a história de
Lucy, uma menina que escuta ruídos “furtivos, rastejantes e
amarrotados” vindo de dentro das paredes de sua casa. A história é
emocionante e alia mistério, fantasia e o humor inteligente.
- Sinto
o que sinto: e a incrível história de Asta e Jaser:
de autoria do ator e escritor brasileiro Lázaro Ramos, esse infanto-juvenil ele
conta a história do personagem protagonista Dan, que discute temas importantes
para crianças e adultos, como sentimentos, ancestralidade, pertencimento,
diversidade cultural, aceitação e respeito às diferenças. Publicado em maio
deste ano, o livro conta com dois enredos numa mesma narrativa. Nele, podemos
acompanhar Dan em um dia comum em que passa por diferentes momentos que trazem
à tona sentimentos distintos e, ao fim, amarra o orgulho sentido por Dan à
percepção de ancestralidade e pertencimento trazidas pela história de seus
antepassados, Asta e Jaser. O livro foi inspirado pelas aulas de LIV que os
filhos de Lázaro participaram na escola e destaca a importância de se abrir
para falar sobre sentimentos. Saiba
mais dessa história clicando aqui.
Americanah: Esse outro sucesso internacional foi escrito pela autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie e é indicado para leitura compartilhada com adolescentes. Ele conta uma história épica de amor ao narrar a vida de dois personagens, o casal Ifemelu e Obinze, e serve como pano de fundo para debater questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero.