6 hábitos para professores que desejam inspirar mais empatia nos estudantes

A empatia, de acordo com o psicólogo Daniel Goleman, é um elemento importante para o desenvolvimento da inteligência emocional e melhora a qualidade das relações, pois é a capacidade de reconhecer, sentir e responder às necessidades e aos sofrimentos de outras pessoas, motivando a resolução pacífica de conflitos e aceitação das diferenças.

Embora a era digital tenha proporcionado às crianças e aos jovens novas maneiras se conectar com outras pessoas, muitos pesquisadores estão preocupados com o modo como as redes sociais e a diminuição das relações face-a-face podem ter contribuído para uma queda na preocupação empática nos últimos anos.

De acordo com a pesquisadora americana e doutora em desenvolvimento humano Marilyn Price-Mitchell, estudos realizados nos Estados Unidos associam a baixa empatia ao aumento do assédio moral, ao narcisismo e à apatia cívica, dentre outros impactos sociais e emocionais. Por isso, a estudiosa defende que, ao trabalhar para desenvolver a empatia em crianças e adolescentes, os professores não apenas os ajudam a se sentir mais valorizados e compreendidos, mas também podem impactar mudanças sociais e inovações nas próximas décadas. A partir de seu livro Tomorrow’s Change Makers: Reclaiming the Power of Citizenship for a New Generation (sem tradução no Brasil), a especialista destaca seis atitudes para professores que desejam desenvolver mais empatia em seus alunos. A lista foi desenvolvida com base em entrevistas com estudantes realizadas por Price-Mitchell sobre como seus melhores professores fomentaram a empatia e os inspiraram a colocá-la em ação no mundo. Confira a seguir os tópicos selecionados pela autora:

1. Crie relacionamentos significativos com os alunos
Para que crianças e adolescentes desenvolvam a empatia pelos outros, eles também precisam se sentir compreendidos, vistos e sentidos, independentemente de como aprendem. Segundo a autora, os professores que conhecem, apreciam e respeitam os alunos além dos aspectos acadêmicos os ajudam a se sentir verdadeiramente cuidados e aumentam sua capacidade de cuidar de outras pessoas. Para saber mais sobre esse tópico, acesse o ebook gratuito “Práticas para aproximar professores e alunos”,criado pelo Laboratório Inteligência de Vida.

2. Estimule os estudantes através de mentorias
Mentoria é um processo de trabalho realizado de maneira mais individualizada com o aluno e tem, de modo geral, o objetivo de ajudá-lo se desenvolver com mais autonomia, buscando a ressignificação e a motivação no seu processo de aprendizagem, dentro e fora da escola. Os alunos entrevistados por Price-Mitchell que disseram ter participado de mentoria com seus professores atribuem a esse processo as principais razões pelas quais eles desenvolveram uma crença em sua própria capacidade de realização. Dentre as ações praticadas por esses professores-mentores, a autora destaca os seguintes tópicos:

  • Apoiar e encorajar o aluno em seus objetivos.
  • Ouvir o que o aluno têm a dizer.
  • Ter expectativas elevadas em relação aos estudantes.
  • Mostrar interesse pelos alunos como indivíduos.
  • Promover a tomada de decisão.
  • Fornecer diferentes perspectivas durante a resolução de problemas.

3. Ensine valores associados à boa cidadania
Os professores que enfatizam carinho, cooperação, compaixão, bondade, trabalho em equipe e a importância de se relacionar com os colegas de classe são poderosos criadores de empatia. A especialista defende em seu livro que, do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, as crianças devem evoluir em três estágios de desenvolvimento, à medida que assumem papéis na sociedade: (1) Ser cidadãos responsáveis; (2) Melhorar suas comunidades; e (3) Contribuir para resolver problemas sociais.

4. Inspire os alunos a serem melhores
Um dos alunos entrevistados para o livro de Price-Mitchell afirmou que o fato de seus professores terem sido “tão dedicados a ensinar, ajudar e capacitar os alunos” foi um gesto significativo para ele: “Eles estavam sempre tentando retribuir à próxima geração. Isso realmente me inspirou”, disse o estudante. Segundo a autora, a maioria dos jovens que desenvolveram altos níveis de empatia nomeou os professores como seus principais modelos. Nesse sentido, ela listou ainda algumas características comuns a esses docentes:

  • Paixão e capacidade de inspirar
  • Conjunto de valores claro e articulado
  • Compromisso com a comunidade
  • Altruísmo
  • Capacidade de superar obstáculos na vida

5. Exponha os alunos a diferentes opiniões e visões de mundo
Quando os professores cultivam a curiosidade sobre como indivíduos e grupos de pessoas veem o mundo de maneira diferente, eles expandem os limites intelectuais, interpessoais e emocionais de crianças e jovens, entendendo diferentes perspectivas de vida. Para a especialista, quando desafiados a explorar preconceitos, encontrar pontos em comum entre outros e sua própria realidade, e imaginar como seria estar no lugar de outra pessoa, os alunos constroem uma maior capacidade de empatia.


6. Vincule o currículo ao mundo real

Os professores que tecem aprendizado significativo em suas aulas ajudam os alunos a transformar empatia em ação, desenvolvendo habilidades de pensamento crítico, planejamento, organização e resolução de problemas. Além disso, conclui a autora, crianças e jovens evoluem com projetos que os tiram de sua zona de conforto emocional e permitam que eles vejam o mundo de maneira diferente.

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Para ler mais sobre empatia, acesse outros textos sobre o tema publicados pelo Laboratório Inteligência de Vida.

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