A importância do sono para o aprendizado e o comportamento dos estudantes

Sabemos que o sono é essencial à vida, mas já parou para pensar quantas horas por dia as crianças e os adolescentes da sua escola (ou da sua família) estão dormindo de verdade? Será que esse sono é suficiente para que seus cérebros e corpos descansem e estejam prontos para o dia seguinte? Segundo um estudo da Associação Brasileira do Sono (ABS), a realidade é que os estudantes brasileiros estão dormindo menos do que deveriam e isso pode até prejudicar seu aprendizado.

No Dossiê: Horários Escolares e Implicações no Sono de Adolescentes, a ABS defende que, embora sofra modificações, a duração do sono necessária para saúde e bem-estar varia de 8 a 10 horas por dia. Porém, afirma a organização, estudos realizados em vários países mostram uma redução na duração do sono na passagem da infância para a adolescência, dos 3 aos 18 anos de idade, caindo de 9,68 horas entre crianças para 7,40 horas entre adolescentes de 15 a 18 anos. 

Entre os jovens brasileiros, a duração do sono encontra-se ainda mais reduzida, variando em torno de 6 a 7 horas por dia. De acordo com a publicação, essa redução acontece por um conjunto de fatores, envolvendo desde aspectos biológicos, que causam atrasos no ciclo de sono, até questões relacionadas a mudanças na rotina do adolescente, que passa a ter mais atividades na escola e na vida social. O uso mais constante de celulares também foi apontado como uma das causas.

Por que dormir bem é tão importante?

Segundo os pesquisadores da ABS, esses dados são preocupantes, pois uma pessoa necessita de cerca de 9,25 horas dormindo para manter a atenção a níveis adequados. Em uma análise feita com mais de 5 mil estudantes em algumas regiões do país, a organização registrou que 53% dos entrevistados declararam ter dificuldade para iniciar o sono e outros problemas relacionados ao descanso. 

Para muitos adultos, isso também pode ser comum, contudo, entre os jovens os efeitos desses problemas são especialmente prejudiciais para o equilíbrio emocional e a autorregulação, aumentando a chance de comportamentos de risco nessa fase. Segundo a pesquisa, se o sono é ruim, há risco de aumento de impulsividade, agressividade e desatenção, além de piora no desempenho escolar.

Os efeitos da ausência de sono também foram destaque em uma série recente do Fantástico. O programa, que reproduziu um experimento da BBC de Londres, mostrou quatro jovens que ficaram 48 horas sem dormir para monitorar os efeitos em sua atenção e reflexos. A falta de sono não demonstrou problemas graves no início e eles até se sentiram agitados, mas após 29 horas de vigília, os efeitos já eram de lentidão e cansaço.

Ainda de acordo com outra publicação sobre o tema, chamada Fatores Fisiológicos que Influem sobre a Educação, da Rede Nacional de Ciência para Educação, o déficit de sono constitui um dos principais gargalos fisiológicos para o aprendizado. Por isso, eles defendem que sejam propostas mudanças na organização e horário escolar com o objetivo de atender às necessidades de sono dos estudantes. “Uma pessoa que não dormiu bem à noite estará pouco apta ao aprendizado, a menos que possa dormir antes do treinamento. Por outro lado, uma pessoa que acaba de aprender coisas novas, geralmente se beneficia de uma soneca pós-aula, capaz de promover a seleção, a consolidação e a reestruturação de memórias, bem como sua integração com memórias pré-existentes. O sono atua, portanto, na preparação e na consolidação do aprendizado”, destaca o estudo.

Para completar, o documento recomenda ainda que a oportunidade da sesta (o cochilo após o almoço) deveria ser oferecida ao longo de toda a Educação Infantil e que os horários de aula do período diurno, especialmente para adolescentes, poderiam ser iniciados um pouco mais tarde, por volta das 8h30, visto questões fisiológicas específicas dessa faixa etária que impactam no aprendizado nas primeiras horas da manhã.

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